SE TENHO SEDE ... TAMBÉM TEREI FOME.

Por: Aurea Soares de Campos – Engenheira Sanitarista. 22/03/2018

  

Em 1992, a Assembleia Geral da ONU declarou 22 de março o Dia Mundial da Água com o objetivo principal de criar um momento de reflexão, análise, conscientização e elaboração de medidas práticas para resolver o problema da Água no planeta. 

Podemos afirmar que praticamente todas as atividades do cotidiano evolvem a água, tais como a higiene pessoal, a limpeza dos ambientes, a preparação de alimentos, entre outras. Porém devemos lembrar que, se não fosse a água, muitos alimentos importantes na nossa dieta diária, como, frutas, legumes, verduras, carnes, e outros não existiriam, pois dependem da água para seu crescimento, produção e/ou a industrialização de alguns.

Assim sendo, sabemos que a Água está diretamente ligada à sobrevivência das espécies no Planeta, e que já tendo sido definida como Recurso FINITO pela comunidade cientifica, podemos afirmar que a Água, os Seres e o Planeta correm riscos, se não mudarmos de atitude.

Segundo a ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, estima que um bilhão de pessoas carece de acesso a um abastecimento de água suficiente, definido como uma fonte que possa fornecer 20 litros por pessoa por dia a uma distância não superior a mil metros. Essas fontes incluem ligações públicas, fossos, poços, nascentes protegidas e a coleta de águas pluviais. Por aí, já conseguimos verificar que o acesso a água potável, NÃO é tão comum quanto pensamos.

As Nações Unidas vêm enfrentado a crise global causada pela crescente demanda de recursos hídricos para atender às necessidades, energéticas, agrícolas, industriais e comerciais da humanidade, bem como a expressiva necessidade de saneamento básico.

Segundo dados da OMS – Organização Mundial de Saúde, a falta d'água já afeta o Oriente Médio, China, Índia e o norte da África. Se nada mudar, até o ano 2050, calcula-se que 50 países enfrentarão crise no abastecimento de água e que até 2025, se os atuais padrões de consumo se mantiverem, duas em cada três pessoas no mundo vão sofrer escassez moderada ou grave de água.

Atualmente fala-se muito a respeito da "crise hídrica", e que num futuro próximo esse recurso (a água) pode motivar a invasão de cidades e incentivar as guerras entre países. Sabemos que o problema não está apenas na quantidade de água potável do planeta, mas principalmente na qualidade dessas águas. É preciso que mudanças de hábitos da população e políticas públicas, sejam bem definidas para garantir o ordenamento do uso e fortalecer a gestão desse bem comum.

Trazendo para realidade local, e em estudos realizados, verificamos que muitas vezes nos preocupamos apenas com os grandes rios, lagos ou lagoas expressivas, e nos esquecemos que proteger aquele corpo hídrico pequeno em nossos quintais e propriedade rurais fará uma grande diferença no processo de conservação do recurso hídrico, tendo em vista que esses pequenos córregos e também as veredas (varjões) são grandes responsáveis pelas recargas hídricas.

É possível observar que a pratica desenfreada de desmatamento e perfuração desordenada de poços tubulares, está refletindo diretamente na produção agrícola, pois sabemos que as águas se comunicam e o sistema hídrico é complexo. Quando é realizado o gradeamento das áreas contiguas às APP’s – Áreas de Preservação Permanente, eliminando muitas vezes as veredas, estamos assinando o atestado de FOME, pois sem água no subsolo e sem chuvas, não há como produzir alimentos.

Nos países em desenvolvimento, o processo de saneamento básico ainda precisa de muito investimento, e podemos observar os problemas com mananciais urbanos, que recebem despejos de resíduos líquidos, descarte de resíduos sólidos, carreamento de material inerte, e ocupação inadequada das APP’s, tudo isso implica na qualidade e quantidade das águas.

Sensibilizar a população e a administração pública das 03 esferas de governo sobre a importância do desenvolvimento inteligente das cidades com a preservação dos recursos hídrico, é tarefas árdua para os técnicos.

A atual crise de abastecimento de água promete se estender pelos próximos anos, em quase todo o território brasileiro. Assim, é necessário otimizar o uso deste bem, através de redução do desperdício, mudança de hábitos de consumo e implementação de sistemas de economia, mas podemos começar nossa tarefa em casa.

  • Não jogar lixo nos rios e lagos;
  • Economizar água nas atividades cotidianas – Consumo consciente (banho, escovação de dentes, lavagem de louças etc);
  • Reutilizar a água em diversas situações, Evite o desperdício;
  • Respeitar as regiões de mananciais e divulgar ideias ecológicas para amigos, parentes e outras pessoas.
  • Plantar árvores;

 

NÃO DEVEMOS NOS PREOCUPAR EM NÃO USAR A ÁGUA, MAS SIM, EM COMO USÁ-LA, USE COM RESPEITO E SABEDORIA.

 

 

 

Por: Aurea Soares de Campos – Engenheira Sanitarista. 22/03/2018